sábado, 18 de outubro de 2008
Não consigo entender...
Até...
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Crônica do Ciumento Crônico
Tenho me sentido uma personagem de Machado de Assis. Dessas saídas das paginas de Dom Casmurro ou de um de seus contos em que a personagem principal vive tomada pela desconfiança e ciúme de quem julga ser sua amada.
Acho que Machado teve uma sacada e tanto, pois quem é ciumento está fadado a ter ciúme para sempre, basta para tanto que tenha alguém que julgue ser seu.
Outro dia estava assistindo um programa de TV e lá estavam quatro loucas desvairadas falando sobre excesso de ciúmes.
Será que isso existe? Excesso de ciúme? Então me vi tentando medir o meu e ver se me enquadrava nos exemplos de mega ciumentos. O pior de tudo é que as pessoas escreviam contando suas crises e as quatro “especialistas” se digladiavam dando sugestões dos mais diferentes tipos baseadas nas mais variadas teorias, que possam existir a respeito do tema. Freud era o mais citado. Assim, entendi que o ciúme é uma doença.
Fiquei imaginando: será que é possível ser ex ciumento? Se bem que dizem que quando se é viciado em algo, sempre será. Mas como faria então o ciumento para não ter ciúme. O chocólatra evita o chocolate, o workaholic evita o trabalho, o guloso não come, o alcoólatra não bebe. E o ciumento?
Entrei
Novamente lembrei de uma personagem de Machado que tentava desesperadamente não se afeiçoar a ninguém para não sofrer, até que aconselhada por seu amigo ( que sem ele saber havia se separado da esposa por achar que ela o traíra ) resolveu dar uma chance ao amor. Que decepção não teve ele ao descobrir que a linda mulher por quem se apaixonara era justamente a ex do seu amigo e no fim ainda teve que ajudar os dois na reconciliação. Que trauma!
Mas e ai, continuei pensando, e aqueles que enchem o peito e dizem “eu não sinto ciúme, confio no meu taco”. Será então que ser ciumento é uma patologia relacionada a algum complexo de inferioridade. Comecei a lembra dos grandes heróis da literatura que tinham tudo para ser uma personagem Machadiana perfeita, mas confiaram no ser amado. É o caso de Odisseu e também de sua mulher Penélope que o esperava pacientemente. E o que dizer do marido Menelau de Helena de Tróia que se empenhou em resgatá-la, não acreditando em nenhum momento que ela havia ido embora por vontade própria com Páris. O que dizer ainda do rei Arthur, que não se intimidou com o “casinho” de Guinevere com Lancelot. Realmente a literatura está cheia desses exemplos de como não ser ciumento.
Porém, acho que só Machado entendeu o drama do ciumento. O que o faz ciumento é a eterna desconfiança e dúvida, que pode abrandar em um certo momento, mas que com certeza prepara um retorno triunfal, com argumentos incontestáveis que, todavia, nunca chega ao fim, pois se chegar, ai sim não é mais ciúme é pura resignação.
E então, vocês acham que eu sou ciumento?